XXI- O mundo

29 de mai. de 2009
Alinhar à direita















E o louco percorreu o caminho do mundo. Ao final, o seu lugar estava reservado, era pequeno, mas o envolvia por completo. O lugar era feito de fracassos, tentativas, dúvidas, certezas, amor, desilusão e tudo o que foi encontrado pelo caminho. Sem um deles, o espaço se tornaria menor e o louco ficaria apertado em sua ausência. Era o seu lugar e ele repousou.

O ARCANO MAIOR(OU OS TRUNFOS)

XX- O julgamento

28 de mai. de 2009
















Ele é acusado de existir, o júri oculto o condena a se renovar para sempre. É melhor do que a prisão perpétua dentro de si mesmo. Porém, é impossível se livrar dos grilhões. ele os levará consigo para construir um novo eu. Os outros não devem permanecer presos, devem ser libertos para construir sua nova casa. Construa seu lar com carinho, pois, um dia, o tribunal decidirá derrubá-lo novamente.

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)

XIX- O sol

27 de mai. de 2009
















Continuar tentando apesar de tudo. É a resistência do tolo. Há mais falhas que acertos. E só há acertos devido às falhas. O guerreiro cego desfere golpes por todos os lados. O sangue amigo e inimigo têm o mesmo cheiro. No final da batalha, milhões de corpos no chão. O prêmio do guerreiro é poder enxerga-los.

O ARCANO MAIOR(OU OS TRUNFOS)

XVIII- A lua

26 de mai. de 2009
















Foram tantos ciclos e ainda assim os sentimentos estão confusos. A idade da criança passou, a idade do jovem passou, a idade do adulto passou, a idade do velho passou. Quatro estações, quatro elementos, quatro luas ao mesmo tempo. Você é a soma de perdas, a subtração da personalidade, a multiplicação de pensamentos e a divisão da alma. Desdobre sua equação e o resultado será o infinito.

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)

XVII- A estrela

22 de mai. de 2009
















E ainda assim há uma esperança! Às vezes ela parece tão tola, e às vezes parece tão bela. Sempre aparecendo em pontos estratégicos, uma verdadeira amiga, fiel, companheira. Deixe-se levar, sofrido andarilho. A mão da esperança é doce, suas palavras sempre são de encorajamento. Você já a abandonou diversas vezes e ela sempre retorna para te guiar. Repare como ela tem olhos misteriosos, é como se conhecesse um segredo.

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)

XVI- A torre

















Durante a queda, ele acorda. Há tempo para pensar em tudo. Mas a única pergunta é onde ele irá chegar quando ultrapassar o chão. Ele deve ter subido alto demais, pois ainda não consegue avistar sua sombra. Ele sabe que a queda irá doer e que despedaçará sua alma, mas a única coisa em que consegue pensar é: para onde vou quando ultrapassar o chão?

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)

XV- O diabo

20 de mai. de 2009
















Se não há lugar a chegar, é melhor parar e se divertir. Tudo o que foi aprendido foi um desperdício. As boa coisas ficaram pelo caminho. O egoísmo é a única proteção que funciona. Ele experimenta o sexo ao extremo, a libertinagem máxima, entorpece a mente e deteriora a alma. Ah, ele quer se acabar de prazer! Ele ficará estacionado aqui por algumas eternidades, até descobrir que nada é eterno. O mandamento de satã é sábio: se alguém cruzar seu caminho, peça-o para sair. Se ele não sair, destrua-o.

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XIV- A temperança

19 de mai. de 2009
















A tempestade se foi. Os olhos do louco parecem calmos novamente. Será a resignação definitiva? Ele sabe que não. A calma que sente lhe permite pensar. Ele não conhece a si, ele não sabe aonde vai, ele não vê o caminho. Ele já deixou tantos alter-egos para trás. A bonança é passageira. Em breve, o furacão vai voltar. Aproveite a calma e descanse. Em instantes, você será expulso de seu castelo.

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)

XIII- A morte (ou O arcano sem nome)

18 de mai. de 2009
















Ele é outro. Ele não sabe como, mas sabe que se tornou outro. Transmutado, renascido e ainda assim o mesmo. O que mudou além desse sentimento? Ele não consegue dar nome a isso. A estrada ainda lhe parece longa. As cicatrizes do antes ainda doem, há feridas abertas, lágrimas que não secaram. Mas ele é outro, ele sabe. Olhando para trás, ele consegue se ver, e sabe que aquele que foi deixado para trás não pode mais ser chamado de si mesmo.

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)

XII- O enforcado (ou O pendurado)

















O abismo está próximo. A certeza da incerteza o abandonou. Ele está pendurado em suas dúvidas e resoluções. Algo se aproxima, ele sente. Não consegue lhe dar um nome. É só uma vontade, uma hesitação em virar a página. Tudo o que ele aprendeu sufoca sua garganta, apertando a corda cada vez mais, até que ele entra vagarosamente na escuridão.

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)

XI- A força

15 de mai. de 2009
















O pleno domínio de si chama-se incerteza. Quando há esse sentimento, há uma sensação de poder falha: saber que não se sabe, conhecer que desconhece. Mas como é um sentimento incerto, não é possível saber se ele foi alcançado. Apenas pensa-se que sim. Então nasce um sábio ao qual a sabedoria é reconhecer que não sabe e ter a certeza de que até mesmo isso é incerto.

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X- A roda da fortuna

















E eis que ele muda novamente. Seu mundo está de cabeça para baixo. Seus pensamentos estão arejados, e ele percebe que o melhor é não pensar. E eis que ele muda novamente. Um ouvido virado para o céu e o outro para a terra. E ele não consegue ouvir nenhuma voz, talvez o melhor seja não ouvir. E eis que ele muda novamente e seus olhos agora alcançam o horizonte, mas o mundo gira e gira...

O ARCANO MAIOR(OU OS TRUNFOS)

IX- O eremita

14 de mai. de 2009

















Não é mais um passeio, é uma peregrinação. Há um propósito para cada passo, não é apenas o ato de caminhar. Seu olhar é sério como se a vida também fosse. Ele precisa conhecer as casas onde mora o seu destino, percorrê-las uma a uma. É uma peregrinação. Ele é um transeunte em sua própria existência. E do outro lado da estrada, há alguém o esperando, alguém que ele quer conhecer. Mas para isso é necessário sujar os pés com o pó do caminho.

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)

VIII- A justiça

















Seus olhos têm a arrogância de achar que aprenderam a ver. Ele sente- se equilibrado. A balança está imóvel, imparcial. O andarilho está calmo como se conhecesse o mundo. Agora tudo é lógico, mesmo que caótico. Ele se abstém das respostas, contenta-se coma as perguntas. Talvez agora somente a curiosidade o impulsione ou a própria roda da vida. Ele não quer saber, não importa.

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VII- O carro

13 de mai. de 2009
















Ele descobre o que quer. Está feliz, é um vitorioso. Ele utiliza seus talentos para ajudar no percurso. Seus dons ajudam a refletir, a repensar nos propósitos do caminho. E, ao pensar, na felicidade ele encontra a tristeza. Cada uma delas segura em uma de suas mãos. Cada uma delas está ao seu lado no carro. E a estrada parece se prolongar.

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VI- Os amantes

12 de mai. de 2009
















A escolha é sempre uma luta entre ele e ele mesmo. É tão fácil criar antagonismos: bem e mal, homem e mulher, inocência e maturidade, amor e ódio, vida e morte. Se há paixão, a escolha é mais rápida. A iniciação sempre causa medo, mas, no caminho, é sempre necessário começar. Perder a castidade, a inocência, as ilusões, a vida e até mesmo o amor.

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)

V- O papa

11 de mai. de 2009
















Todos sabem o que é certo, mas a consciência falha. O outro eu está sempre por perto, cochichando em seu ouvido. Ele é a metade que lhe impede de ser pior. Ele mora em sua mente, em suas crenças, em sua aldeia. Ele é a voz que o julga e o aconselha. Talvez isso seja apenas mais um efeito da loucura. É o que ele diz a si próprio quando não se quer ouvir.

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IV- O imperador

8 de mai. de 2009
















Subir tão alto até subjugar o céu. Ele tem uma escada feita de pessoas. A gargalhada do poder causa terremotos terríveis, seu olhar cega, sua voz ensurdece, sua presença emudece, sua mão esmaga corações. Talvez o caminho terminou agora. O que há além disso? A dúvida é a prova de que ainda é necessário andar. Mas se seus passos precisam seguir, que seus pés pisem em tijolos de ouro.

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III- A imperatriz

7 de mai. de 2009
















A sabedoria deveria guiar o mundo. A governante ideal, o casamento entre a razão e os sentimentos. O idealista lutará com todas as suas forças para que a sabedoria seja a imperatriz do mundo. Mas ela tem um sorriso amargo, um olhar de resignação e piedade... e a coroa permanece em suas mãos.

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)

II- A papisa (ou A sacerdotisa)

6 de mai. de 2009
















Os perigos pelo caminho o forçaram a se esconder diversas vezes. A proteção tem vários nomes: útero, lugar secreto, colo, abraço e lábios, deus e deusa. Muitas vezes, seu nome é egoísmo. Dê a mão à mãe para atravessar para o outro lado. O medo também pode impulsionar. Segue, sempre haverá um abrigo, mesmo que desmoronado.

O ARCANO MAIOR(OU OS TRUNFOS)

I- O mago

5 de mai. de 2009
















Ele olha para suas mãos que criam. Ele admira-se com sua própria sabedoria. Ele quer a razão, mas precisa do misticismo. A magia de poder adorar a própria criação. Às vezes ele não consegue. Enganar-se é fácil, mas sua mente rebelde o desafia a pensar sobre o que ele já havia esquecido: Deus foi criado à sua imagem e semelhança.

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)

0- O louco

4 de mai. de 2009
















E o louco percorrerá o caminho do mundo. A inconsciência o guiará em sua busca por si mesmo. O círculo do auto-conhecimento, o fim que é o começo. E o louco irá sorrir, imaginando que encontrou a sanidade, sentirá saudades do percurso sem perceber que os olhos fixos da loucura ainda estampam seu rosto. As várias mortes e os vários nascimentos não o farão perceber que ele nunca quis mudar.

O ARCANO MAIOR (OU OS TRUNFOS)