Reminiscências- parte 6

17 de mar. de 2011














O garçom surge para me salvar. Peço mais cervejas, mas não sei se é uma boa ideia. A cada rodada, o álcool deixa meus antigos amigos mais desinibidos, e as lembranças vêm à tona.

Mas eu preciso me desvencilhar das perguntas de Bete sobre nosso amigo ausente e talvez de outras também. Talvez eu não devesse levar tudo tão a sério, mas qual seria a reação deles se soubessem o que aconteceu realmente?

Bebo pouco para não me soltar. Bete está me irritando, olhando-me desse jeito. Ela não disfarça, os olhos brilham, a boca às vezes sorri levemente e às vezes fixa-se em um desenho sério nos lábios. Ela está muito atraente e se tornou perigosa. Até o final de nossa reunião, ela me dirá o que a está incomodando.

Ou pior, dirá a todos.

continua...

Reminiscências- parte 5

4 de mar. de 2011
 












- Vocês eram muito amigos, não é Roberto?

Eu temia essa pergunta, ainda mais de quem veio. Era a Bete de novo.

- Sim,- a resposta sai trêmula- éramos realmente muito amigos.

Acho que todos entenderam o tremor de minha voz como uma emoção afetiva e não nervosismo. Mas a Bete continua me olhando fixamente, com a sobrancelha arqueada. Não posso deixar de notar a boca carnuda. Ela ficou bonita. Não é mais a menininha sem graça de antigamente. Há uns dois anos ela começou a me enviar mensagens eletrônicas e me adicionou em alguns sites de relacionamento. Sempre me tratando com carinho, mas distante. Por que agora essa necessidade de reunir nossa antiga turma? Meus receios aumentam. Por que só agora? Será que ela havia descoberto algo? Se ela soubesse a verdade, eu preferia estar morto.

continua...