Rótulos Para Garrafas

28 de out. de 2010














Sempre que digo a alguém que jogo RPG, ouço os mesmos comentários: “Ah, é aquele jogo que mata; é coisa do demônio; dizem que é preciso fazer um ritual de iniciação; se você perder, tem que fazer o que a outra pessoa quiser.” Já ouvi esses e outros comentários igualmente ridículos e ditos até por pessoas instruídas, com nível superior, e até mesmo por professores universitários!

Eu desconheço a visão que as pessoas têm sobre o RPG em outros países, mas aqui, no Brasil, ela é totalmente distorcida e preconceituosa, demonstrando a falta de informação a respeiro do assunto e a alienação provocada pelos meios de comunicação.

O único argumento usado contra o RPG é um pequeno número de assassinatos supostamente influenciados pelo jogo ou como parte de rituais ocorridos durante as sessões (nota aos desinformados:é assim que chamamos as partidas, não tem nada a ver com espiritismo). Posteriormente, foi esclarecido que esses crimes não estavam relacionados ao RPG. Quem quiser, pode ler um artigo a respeito no endereço http://www.daemon.com.br/rpg_inocente.asp. Mas vamos supor que esses crimes tivessem sido realmente influenciados pelo RPG. Demonstrarei que, mesmo assim, esse argumento não é válido para condenar o jogo.

Desde a minha infância, ouço notícias de assassinatos e suicídios influenciados pela música, pelo cinema, pelas religiões e por vários outros segmentos. Muitas dessas denúncias são apenas sensacionalismo ou demonstrações explícitas de preconceito. Mas, infelizmente, acredito que muitas delas possam ser verdadeiras. Ao analisarem os assassinos e o passado dos suicidas, os especialistas sempre descobrem que são pessoas desequilibradas emocional e psicologicamente (pois, afinal de contas, somente alguém com problemas desse tipo se deixaria influenciar por estímulos externos para cometer crimes ou se matar). Acredito que para uma pessoa desequilibrada qualquer coisa possa ser um estímulo para desencadear uma ação violenta: a letra de uma música que acredita ter sido escrita para ele; uma pintura, na qual ele vê uma mensagem oculta, um versículo da bíblia, que acredita ser uma profecia relacionada a ele; são inúmeras possibilidades.

Agora pergunto a vocês: seria justo condenar a música, seja qual for o estilo, e todos os milhões de pessoas que gostam dessa arte por causa de alguns desequilibrados que cometeram crimes influenciados por ela? Seria justo condenar o cinema, as religiões em geral e qualquer outra manifestação humana por causa de casos isolados de loucura? O Role Playing Game é praticado por milhões de pessoas no mundo, seria justo condenar esses milhões de jogadores e o próprio jogo por algum crime que venha a ocorrer influenciado por ele? Como disse antes, qualquer coisa pode desencadear um ato de insanidade, pois não sabemos o que se passa na mente de um louco. Portanto, não devemos julgar o suposto estímulo, seja ele qual for.

Para terminar, gostaria de fazer uma analogia. Quando compramos um produto, principalmente remédios, esperamos que o fabricante especifique bem no rótulo da garrafa a sua fórmula, o modo de fabricação, a embalagem, o uso correto e demais informações importantes; ou seja, esperamos que ele domine totalmente o assunto. Portanto, antes de rotularem o RPG, os seus críticos deveriam buscar informações a respeito, para não divulgarem informações falsas e contraditórias. Os meios de comunicação deveriam ser os primeiros a fazer isso, pois como formadores de opinião, correm o risco de propagar a intolerância e o preconceito, que por sua vez, também são causas de vários crimes e atrocidades.

O presente de Deus

7 de out. de 2010
















Conta-se que, certa vez, perguntaram a um sábio qual seria o destino da humanidade. Ele então contou a seguinte história:
“Depois de ter criado todas as coisas, Deus fez o Homem e deu a ele uma parcela de seu Poder de Criação. Empolgado com o presente divino, o Homem rapidamente pôs-se a criar compulsivamente. Criou utensílios, ferramentas, cidades, máquinas e tudo o mais que tornava a vida mais prática e fácil.

Porém, com o tempo, o Homem percebeu que as coisas mais belas não tinham sido criadas por ele, e sim, pelo Criador Supremo. Então o Homem viu que sua capacidade de criação era ínfima se comparada ao poder de Deus.

Assim, inconscientemente, o Homem havia criado a Inveja e o Orgulho. Munido desses novos sentimentos criados por ele mesmo, o Homem, aos poucos, foi criando outros: o Egoísmo, o Ódio, o Rancor, a Intolerância...

Em pouco tempo, o mundo ao qual ele havia recebido como presente de Deus estava quase destruído e as guerras lançavam irmão contra irmão, destruindo a Humanidade. Quando o Homem se deu conta do ponto a que havia chegado, recorreu ao Pai, implorando seu auxílio.

Deus, então, pediu que ele fechasse as mãos uma sobre a outra, e um brilho começou a despontar por entre os dedos do Homem. Quando ele abriu as mãos, lá estava a Capacidade Criativa que Deus o havia dado. Porém junto a ela, havia mais dois pontos luminosos: a Sabedoria e a Esperança. Os dois brilhos foram aumentando e juntaram-se ao Poder de Criação, formando um novo presente: Deus havia dado ao Homem o Poder de Recomeçar."