14 de nov. de 2020



seus

olhos

olham 

algo

sem 

olhar

10 de nov. de 2020


 


dedos

descem

pelo

dorso

devagar

dor




O tamanho da criação

4 de nov. de 2020

Parei solenemente observando tudo
e tentei medir com as falhas medidas humanas 
o pequeno, o grande , o imenso e o incomensurável.

O grão de areia era tão minúsculo, 
mas ainda havia seres que para eles um grão de areia era uma imensidão. 
Na grandeza do mundo éramos grãos de areia 
sendo levados pelo vento de um lado ao outro. 
E o mundo naquele momento me parecia tão grande.

Mas através de minha pequenez
tentei olhar além do que minha pequena visão conseguisse ver.
O cosmos me assustou quando viajei por meus pensamentos.

Minha mente à deriva no espaço flutuante. 
Planetas, estrelas, galáxias e universos.
A comparação se tornou inócua.
A existência era maior do que a imaginação.

Aldravia 1

28 de ago. de 2020



quanta

audácia

tentar

escrever

uma

aldravia

A ilha perdida

21 de mai. de 2020



Nota do autor: Esse é um conto infantil. Não foi feito para quem acredita em verdades absolutas e sim para aqueles que ainda sabem se questionar.

Havia um povo que vivia em uma ilha. Após anos utilizando os recursos daquele lugar, precisavam encontrar outro local onde pudessem ter uma vida melhor. 

Não muito longe, existia outra ilha onde poderiam recomeçar a vida de modo mais sustentável. Mas havia um problema. 

Eles tinham dois barcos para utilizar, mas não estavam certos qual deles seria o mais seguro para transportá-los. A ilha era perto, poderiam ir nadando, mas depois de tantos anos dependendo de barcos, eles haviam esquecido como nadar.  

Um dos grupos dizia que o barco parado em uma das margens era o mais seguro. E o outro grupo dizia que era o barco da margem oposta. Após várias discussões, teorias e ofensas, decidiram ir cada grupo no barco ao qual achavam melhor.

Tamanha foi a surpresa de ambos ao perceberem que os dois barcos estavam furados e afundavam lentamente. Porém, ao invés de se ajudarem mutuamente, os dois grupos começaram a rir, caçoar e ofender um ao outro. 
“Eu não disse que o seu barco estava furado?”
“Agora aguentem e não digam que não foram avisados!”

E assim, em meio a uma discussão sem sentido, todos afundaram no oceano, mas felizes com a certeza de que estavam certos. Aos poucos, os gritos, xingamentos e risadas irônicas desapareceram no fundo do mar em meio às borbolhas. 

Ao longe a ilha perdida era iluminada pelos últimos raios de sol que se punha no horizonte.