Marte

16 de dez. de 2008













No dia 19 de Julho de 1014, o imperador de Bizâncio, Basílio II,mandou furar os olhos de 14.000 soldados búlgaros. Era uma vingança contra Samuel, rei da Bulgária e único homem a derrotar Basílio II em uma batalha. Um a cada cem soldados foi deixado com um olho para poder guiar a multidão de cegos de volta à capital da Bulgária.
Foi uma visão dantesca, 14.000 homens sendo conduzidos por guias de um olho só. Ao ver essa procissão de cegos a que se reduzira seu exército, Samuel entrou em colapso e morreu dois dias depois. Seu exército havia se transformado apenas em uma fonte de despesas e vergonha para seu reino.
Um dos soldados que havia sido deixado com um olho, relatou o que sentiu enquanto esperava os algozes de Basílio II perfurarem seus olhos.
"Horror indescritível, era como se estivesse no inferno. Via os homens alinhados tendo seus olhos trespassados pelas espadas inimigas. Ao meu lado, meus companheiros tremiam e oravam. Eu imaginava se seria um dos escolhidos para permanecer com um olho. E não sei se isso seria uma benção ou uma maldição. Ao chegar minha vez, senti minhas pernas tremerem, mesmo estando de joelhos. Um dos meus olhos foi atravessado. Senti o sangue cobrindo minha face. Olhei para o céu, queria ter a oportunidade de ver a luz do sol pela última vez. Tive uma sensação estranha. Era como se o sol tivesse se tornado vermelho. Ao perceber que um dos meus olhos havia sido poupado, achei que tudo voltaria ao normal com o passar dos dias. Mas mesmo agora, quando olho para o céu, uma luz vermelha e sem vida inunda minha visão. É como se todo o mundo estivesse banhado em sangue."
OS PLANETAS

2 comentário(s):

Ariane Rodrigues disse...

Essa série de mini-contos está muito bacana, Wesley! Além do texto ser interessante está no tamanho ideal para se ler no computador(eu que tenho dificuldades para isso!) Beijo.

Wesley Viana disse...

Pois é. Eu fiz isso justamente pensando nisso, pois também detesto ler no computador. Os textos do Contraconto agora serão todos minicontos ou pequenos poemas.